Threats
Um relatório recente da NYU alerta para os perigos da tecnologia XR do metaverso para a privacidade dos utilizadores, especialmente a recolha e utilização de dados pessoais e corporais
19/09/2023
Um novo relatório da Universidade de Nova Iorque (NYU), realizado pelo Stern Center for Business and Human Rights, alerta para os perigos do metaverso, a experiência imersiva da Internet, defendendo que poderá prejudicar a privacidade dos utilizadores se não forem tomadas medidas significativas para regular a forma como a tecnologia recolhe e armazena os dados pessoais. O metaverso assenta em tecnologias de realidade estendida (XR), que abrange a realidade aumentada, a realidade virtual e a realidade mista. O relatório adverte que a privacidade dos utilizadores está em risco, uma vez que os dados corporais, recolhidos pela tecnologia, podem ser usados para deduzir informações comportamentais e psicológicas sobre os indivíduos. “O hardware XR convencional está equipado com sensores que rastreiam continuamente pelo menos três tipos de dados do utilizador: movimentos da cabeça, movimentos dos olhos e mapas espaciais do ambiente físico”, diz o relatório. A acumulação destes dados ao longo do tempo pode revelar “informações altamente sensíveis” sobre os utilizadores, como a sua condição física e mental, que podem ser exploradas a nível comercial ou político. Várias empresas manifestam um grande interesse no metaverso, destacando-se particularmente gigantes da tecnologia como a Meta e a Microsoft, fabricantes de hardware como a Nvidia, developers de jogos como a Epic Games e ainda plataformas de software como a Unity. Segundo o relatório, é necessário que as empresas se concentrem no estabelecimento de melhores práticas relativamente à privacidade, segurança por design e cibersegurança dos seus produtos. Para além disto, devem ser transparentes com o público sobre o impacto da tecnologia na sua privacidade, apagar os “dados corporais brutos e derivados” assim que deixarem de ser necessários para o funcionamento do produto e oferecer aos utilizadores diferentes opções para poderem controlar o nível de risco a que estão expostos. O relatório da NYU defende a aprovação pelo Congresso de uma lei de privacidade abrangente. Em julho de 2022, o Comité de Energia e Comércio aprovou uma versão da Lei de Proteção e Privacidade de Dados dos EUA (ADPPA), mas esta não chegou à votação no plenário. Ainda assim, o relatório considera que esta versão foi uma “boa base”, sendo que proibia as organizações de recolherem a geolocalização e dados de saúde Atualmente, as negociações de uma nova versão da ADPPA estão em andamento no Comité de Energia e Comércio, mas ainda não foram revelados detalhes. De acordo com o relatório, é fundamental que o projeto de lei em revisão tenha em conta os potenciais perigos da utilização de dados baseados no corpo, devendo focar-se na melhoria dos padrões de notificação e consentimento e na proibição do uso de dados corporais para traçar o perfil psicográfico de um utilizador. |