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Nos últimos anos, a Inteligência Artificial (IA) emergiu como uma ferramenta poderosa na cibersegurança, prometendo aprimorar a deteção de ameaças, compliance, e automatizar respostas a incidentes. Contudo, à medida que as organizações adotam essas soluções, surge uma questão crucial: podemos confiar plenamente em algoritmos de IA para proteger nossos dados sem um quadro regulatório robusto?
Por David Silva e Matheus Reis, CyberX . 07/04/2025
O Paradoxo da IA na CibersegurançaA cibersegurança sempre foi uma corrida entre atacantes e defensores. Atualmente, essa dinâmica intensificou-se, com ambos os lados utilizando IA para alcançar seus objetivos. No entanto, conforme destaca David Silva, CEO da CyberX, "nem sempre conseguimos compreender como esses sistemas chegam às suas conclusões", o que pode gerar uma falsa sensação de segurança e, pior ainda, expor as empresas a riscos imprevistos. A adoção crescente de IA na proteção de sistemas apresenta um paradoxo: embora possa auxiliar em políticas de compliance, também pode ser manipulada para comprometer a segurança. Modelos mal treinados, enviesados ou envenenados por atacantes podem gerar falsos positivos ou ignorar ameaças reais. Além disso, o uso de IA na cibersegurança levanta sérias preocupações com a privacidade, uma vez que a legislação global ainda está se adaptando ao impacto dessas tecnologias. A Falta de Regulamentação é um RiscoRegulamentações como o GDPR e o IA Act trouxeram avanços significativos na proteção de dados e na governança digital, cita Matheus Reis. No entanto, ainda existem lacunas na forma como a IA é utilizada na cibersegurança. Quem audita os algoritmos que tomam decisões críticas sobre proteção de dados? Como garantir que a IA não introduza riscos adicionais? Um estudo recente da Sophos revelou que, embora 65% das empresas tenham adotado ferramentas de inteligência artificial generativa (GenAI) para cibersegurança, 89% expressam preocupação de que possíveis falhas nessas ferramentas possam comprometer a segurança de suas organizações. Casos de data poisoning (envenenamento de dados) ilustram essa vulnerabilidade, menciona David Silva. Nessa técnica, criminosos inserem dados maliciosos nos conjuntos de treinamento de IA, comprometendo a integridade dos modelos. Isso pode levar a deteções errôneas, acessos indevidos e falhas de segurança críticas. Os Perigos de Confiar Cegamente na IAO grande problema da IA na cibersegurança é a confiança cega na sua precisão. Algumas empresas acreditam que basta integrar uma solução baseada em IA para estarem protegidas, sem considerar que esses sistemas não são infalíveis. A IA não substitui boas práticas de segurança, auditorias regulares e análise humana criteriosa. Embora seja uma ferramenta poderosa, deve ser vista como um complemento e não como a única linha de informação. Será que os dados da sua empresa estão realmente protegidos ou estão sendo utilizados para treinar outros modelos sem o seu conhecimento? Como Reduzir os RiscosPara empresas que desejam adotar IA na cibersegurança de forma responsável, sugerimos algumas boas práticas:
Segurança Não Se Faz Apenas com Tecnologia, mas com EstratégiaNa CyberX, acreditamos que a cibersegurança eficaz não se resume a adotar as últimas tendências tecnológicas, mas sim garantir que cada camada de proteção seja robusta e confiável. A IA pode representar um grande avanço para o setor, mas confiar cegamente nela, sem regulamentação e sem auditoria, é abrir espaço para novos riscos. Segundo David Silva, “a inteligência artificial deve ser usada com cautela na cibersegurança, pois sem a devida supervisão, pode se tornar uma ameaça tão grande quanto os próprios ataques que busca combater.” Da mesma forma, Matheus Reis, reforça que “o compliance e a transparência são tão importantes quanto a tecnologia em si. Se não soubermos como a IA está tomando decisões, como podemos garantir que está do nosso lado?” A verdadeira proteção não vem apenas de algoritmos, mas de uma estratégia consciente que equilibre inovação, supervisão humana e governança sólida.
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