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A privacidade dos dados é um dos pilares fundamentais dos sistemas de segurança da informação ou cibersegurança - termo que se tornou mais conhecido ultimamente - esta é frequentemente neglicenciada por pessoas e empresas e que muitas vezes está na génese de ocorrências graves que põem em causa a segurança dos sistemas de informação.
Por Isandro Sanches, IT & Project Manager na Chief Security Officers . 25/07/2024
Nos últimos anos tem existido um esforço por parte de entidades governamentais e entidades reguladoras de criar um conjunto de procedimentos/ leis rigorosas, que as empresas deverão adotar na coleta e armazenamento dos dados pessoais dos indivíduos. Todos nós já ouvimos falar do RGPD, um regulamento que estabelece diretrizes para proteção dos dados pessoais e que pune com multas severas os incumprimentos. Apesar deste avanço na legislação, muito há a fazer no que toca à fiscalização e à própria educação tecnológica dos cidadãos. Quando me foi pedido para escrever este artigo, a primeira coisa que me lembrei foi de uma amiga que por estes dias tinha sido vítima de “phishing”. Perdeu o acesso às suas redes sociais, local onde tinha fotografias desde que se lembra, mas para meu espanto ela não estava muito preocupada com o sucedido e disse-me simplesmente “vou abrir outra conta”, sem qualquer preocupação com a informação que lhe tinha sido sonegada e que poderia vir a ser utilizada de forma fraudulenta. Esta falta de consciência tecnológica remete-nos, na minha opinião, para um dos maiores problemas que as sociedades digitais apresentam atualmente, que é a falta de educação tecnológica dos seus cidadãos, não sendo esta apenas uma realidade nacional. Muitos dos ataques e ameaças que hoje existem seriam ineficientes se o “mindset” das pessoas estivesse preparado para lidar com este tipo de esquemas. Medidas simples como ativar a autenticação em dois fatores, não acreditar nos emails que dizem que o rei do Wakanda deixou uma fortuna e que poderá ser reclamada ou clicar em “links” desconhecidos são apenas algumas das medidas que só terão efeito se as pessoas forem “educadas” digitalmente. Neste momento convivemos com a realidade de uma geração que não está preparada para lidar com a massificação da digitalização. Para estas pessoas dever-se-ia pensar em cursos práticos e de curta duração onde lhes fosse transmitido conhecimentos e noções básicas da utilização dos meios digitais. Outras das medidas que faria sentido era apostar na divulgação de informação nos meios de comunicação mais tradicionais dos perigos inerentes à utilização da Internet. Poderia ser uma medida eficaz na medida em que falamos de uma faixa da população que ainda utiliza muito os meios de informação tradicionais (televisão, rádio e jornais). Em Portugal é fundamental que haja uma estratégia nacional que tenha em conta estes novos tempos digitais, e que na minha opinião deveria pensar- se na introdução no currículo académico desde o primeiro ciclo de uma disciplina de educação tecnológica para preparar gerações futuras para uma era cada vez mais digital. Numa altura em que a própria relação dos Estados com os seus cidadãos é cada vez mais assente em plataformas digitais e em que novas ameaças potenciadas pelo surgimento da Inteligência Artificial, deveriam ser tomadas medidas urgentes para que os cidadãos estejam devidamente preparados para lidar com realidade que se avizinha. A educação tecnológica é fundamental para preparar os indivíduos para um futuro digital, mas também é essencial para garantir a igualdade de direitos e plena integração dos indivíduos em sociedade. Sabendo que segurança nos Sistemas de Informação é dinâmica e crítica e que exige uma atenção contínua, só poderemos almejar atingi-la com cidadãos bem preparados digitalmente.
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