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O panorama regulatório em Cibersegurança está em constante evolução, apresentando simultaneamente desafios significativos e oportunidades ímpares para as organizações em todo o mundo.
Por David Grave, Security Director, Claranet Portugal . 04/04/2025
Com a introdução de normas como o Regulamento Europeu de Resiliência Operacional Digital (DORA) e a Diretiva de Segurança das Redes e da Informação 2 (NIS2) na União Europeia, as organizações precisam de se adaptar rapidamente para manter a conformidade, proteger a integridade dos dados e fortalecer a sua defesa cibernética. Além da Conformidade: Adaptação EstratégicaAnteriormente, as nossas discussões sobre mudanças regulamentares centravam- se principalmente na conformidade como uma medida reativa — assegurando que políticas e procedimentos cumprissem os padrões legais mínimos. Hoje, é urgente mudar esta perspetiva. Já não se trata apenas de cumprir requisitos mínimos e evitar multas; a adaptação a regulamentos como DORA e NIS2 envolve muitos outros aspetos: é sinónimo de construir resiliência e inovação nas operações das organizações. Por um lado, o DORA quer fortalecer a resiliência operacional das instituições financeiras. Por outro lado, a NIS2 expande as medidas de segurança exigidas em vários setores críticos. No entanto, com a introdução destas normas, surge uma questão central: Será que as nossas estratégias estão à altura desses desafios? A verdade é que a interseção destes regulamentos oferece aos CISOs e Diretores de Cibersegurança uma oportunidade de ouro para reavaliar as suas estratégias de cibersegurança de forma abrangente - o desafio é conseguirmos aproveitar esta possibilidade de forma tática e eficaz. Conformidade Proativa: Automação e Soluções Baseadas em IAUm ângulo crítico é a adoção proativa da automação da conformidade, aproveitando ferramentas baseadas em IA para agilizar processos e assegurar a adesão regulamentar em tempo real. A conformidade já não é um objetivo estático, mas um esforço dinâmico que deve evoluir continuamente. Ferramentas que automatizam a monitorização, relatórios e avaliação de riscos podem transformar o panorama da conformidade, tornando-o mais ágil e responsivo às novas regulações. Centralidade da Governança, Riscos e Conformidade (GRC)A incorporação de quadros completos de Governança, Riscos e Conformidade (GRC) é essencial para a conformidade proativa. Estes quadros fornecem uma abordagem estruturada para gerir obrigações de conformidade, gestão de riscos e práticas de governança de forma coesa. Os quadros GRC devem ser escaláveis e adaptáveis para acomodar os novos ambientes regulamentares introduzidos por DORA e NIS2. Mas quantas vezes vemos empresas portuguesas a tratar GRC como um checkbox burocrático em vez de uma parte dinâmica da estratégia empresarial? Continua a ser comum ver falhas de segurança significativas resultantes de uma abordagem fragmentada e desatualizada para a gestão de riscos e conformidade. Isto é inaceitável no panorama atual. Assim, é fundamental assegurar que os esforços de conformidade estão alinhados com os objetivos organizacionais mais amplos, melhorando a resiliência corporativa global. Fortalecer a organização: uma cultura de segurança desde o princípioFomentar uma cultura organizacional centrada na segurança é fundamental para navegar eficazmente pelas mudanças regulatórias. Os líderes de TI devem ir além da conformidade técnica e focar-se em cultivar um ethos organizacional que priorize a segurança e a privacidade. Esta mudança estrutural assegura que cada colaborador compreende o seu papel na manutenção da conformidade regulamentar, fortalecendo assim toda a postura de segurança da organização. Ainda existem demasiadas organizações onde a segurança é vista como a responsabilidade exclusiva do departamento de TI. No entanto, considerando o contexto atual e futuro, esta perspetiva torna-se insustentável. Sem uma mudança cultural que envolva todos os colaboradores, continuaremos a expor-nos a riscos evitáveis. Navegar pelas mudanças regulatórias introduzidas por DORA e NIS2 exige, assim, uma abordagem multifacetada. É altura de sermos críticos e questionarmos se as nossas práticas atuais são suficientes. As organizações devem ir além das medidas reativas de conformidade para adotar a adaptação estratégica, aproveitar ferramentas avançadas de automação, adotar quadros completos de GRC e fomentar uma cultura centrada na segurança – esta é a chave para construir resiliência e inovação. Assim, ao fazê-lo, não apenas garantem a conformidade como se posicionam na vanguarda da inovação em cibersegurança, mostrando-se aptas para enfrentar os desafios futuros com estabilidade e confiança. No final do dia, a responsabilidade de impulsionar esta transformação e garantir que a nossa organização não fica para trás recai sobre nós - líderes de TI e cibersegurança. Chegou a altura de parar de reagir e começar a antecipar: é hora de fazer acontecer a mudança.
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