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O cargo de Chief Information Security Officer (CISO) passou por uma grande transformação desde a sua criação nos anos 1990. Inicialmente centrado em funções técnicas, evoluiu para um papel estratégico fundamental nas organizações. Hoje, o CISO é responsável por proteger ativos vitais num ambiente digital crescente, enfrentando desafios relacionados ao stress e burnout.
Por Pedro Marques, Network Security Consultant, CSO . 03/12/2024
Origens e primeiros anos Nos primeiros tempos da internet, a segurança da informação era uma função técnica, muitas vezes gerida por equipas de TI. Com o aumento do uso de computadores e internet, as empresas passaram a perceber a necessidade de proteger as suas redes contra ameaças como vírus e intrusões. O cargo de CISO, quando existente, era pouco reconhecido como estratégico, sendo uma função técnica associada à gestão de sistemas de segurança. A evolução nos anos 2000 e 2010 Nos anos 2000, as ameaças cibernéticas tornaram- se mais sofisticadas, e as empresas reconheceram a importância da segurança para a continuidade dos negócios. A crescente dependência de sistemas digitais e a introdução de regulamentações como o HIPAA e o Sarbanes-Oxley fizeram com que o CISO passasse a ser visto não apenas como um especialista técnico, mas também como um líder estratégico em conformidade e governança. Na década de 2010, incidentes como o ataque à Target (2013) e a violação da Sony Pictures (2014) mostraram o impacto devastador das falhas de segurança. Estes eventos tornaram o CISO uma figura central nas discussões sobre gestão de riscos e resiliência empresarial, destacando a sua importância no nível executivo. A década de 2020: novos desafios A transformação digital acelerada pela pandemia trouxe novos desafios. A dependência de tecnologias como a computação em nuvem, IoT e 5G aumentou a complexidade do panorama cibernético. O CISO deixou de ser apenas um técnico e tornou-se um líder estratégico, promovendo uma cultura de segurança integrada aos objetivos empresariais. Além disso, o aumento de ataques de ransomware e as preocupações com a privacidade de dados, como o GDPR, colocaram a segurança no centro das operações empresariais. O CISO desempenha agora um papel crucial na conformidade com leis de proteção de dados, protegendo a organização de penalizações e danos à reputação. Desafios pessoais: stress e burnout Apesar do crescente reconhecimento da importância do cargo, muitos CISOs enfrentam elevados níveis de stress e burnout. A pressão para proteger as organizações contra ameaças constantes, aliada à falta de recursos e à crescente responsabilidade, pode ser insustentável. Estudos mostram que uma grande parte dos CISOs sente uma carga significativa devido à pressão constante por resultados. A falta de apoio da organização também contribui para o stress. O futuro do cargo de CISO O cargo de CISO continuará a evoluir, especialmente com o avanço de tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA) e machine learning. Embora estas tecnologias melhorem a deteção e resposta a ameaças, também trazem novos desafios, como ataques baseados em IA. A escassez de profissionais qualificados em cibersegurança continua a ser uma preocupação crescente, exigindo novas formas de atrair e reter talento. A colaboração entre o CISO e outros executivos será essencial. As organizações devem integrar a cibersegurança na sua estratégia global para garantir que todas as decisões de negócios considerem a segurança como uma prioridade. Conclusão O papel do CISO evoluiu de uma função técnica para uma posição estratégica, refletindo a crescente importância da cibersegurança nas organizações. No entanto, com a pressão crescente e os desafios diários, muitos CISOs enfrentam problemas de stress e burnout. As empresas devem investir não apenas em tecnologia, mas também no bem-estar dos seus líderes de cibersegurança para garantir a continuidade e resiliência a longo prazo.
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