Opinion
Enquanto este editorial está a ser escrito, o mundo vive uma incerteza; possivelmente nunca esteve tão perto de um conflito nuclear desde 1962
Por Rui Damião . 02/12/2024
O conflito entre a Ucrânia e a Rússia vai conhecer uma nova era durante 2025. Se são boas ou más notícias é algo que temos de esperar para ver e dependerá, certamente, da perspetiva. Certo é que se o conflito alargar, a ciber-resiliência das infraestruturas volta a ter uma importância superior para as organizações (que, na verdade, nunca deixou de ter). A indisponibilidade provocada por uma atualização defeituosa mostrou, em julho deste ano, que muitas organizações ainda dependem de um ou outro sistema para todas as suas atividades, e que a falha desse sistema coloca em causa toda a operação. O impacto desta indisponibilidade custou às organizações alguns milhares de milhões de dólares em prejuízo. Até que ponto estamos prontos para uma interrupção semelhante? Quais foram, verdadeiramente, as lições aprendidas com este incidente? Claro que comparar um alargamento do conflito com uma interrupção provocada por uma atualização não faz assim tanto sentido, mas a indisponibilidade de julho destacou a vulnerabilidade das infraestruturas globais e como um único ponto de falha pode ter efeitos em cascata; também os conflitos geopolíticos podem desencadear uma série de outros eventos globais para os quais temos de estar preparados. Em ambos os casos, a interconetividade e a dependência de sistemas complexos tornam a recuperação e a mitigação dos impactos um desafio, também eles, complexos. Se o conflito, de facto, se alargar, é praticamente certo que o número de ciberataques levados a cabo por cibergrupos apoiados por Estados-nação também vão aumentar. A sofisticação desses ataques vai crescer e os danos serão cada vez maiores. A resposta rápida e a implementação de medidas preventivas são cruciais para restaurar a confiança e a estabilidade, seja num contexto empresarial, tecnológico ou geopolítico. |