Opinion

A Revolução Silenciosa: cibersegurança como um escudo invisível das empresas contra as ameaças digitais

Ao longo dos últimos anos, testemunhámos uma revolução silenciosa na forma como interagimos com a tecnologia. Desde a proliferação de smartphones até à ascensão das redes sociais, muitas das mudanças que moldam a nossa vida quotidiana ocorreram, gradualmente, sem grande alarido e com naturalidade

Por Nuno Silva, Head of Cybersecurity & Business Resilience da Inetum Portugal . 09/10/2024

A Revolução Silenciosa: cibersegurança como um escudo invisível das empresas contra as ameaças digitais

Mas o potencial da tecnologia ultrapassa a consciência da grande maioria dos utilizadores. Enquanto, por um lado, somos capazes de dar conta das novas funcionalidades cada vez que atualizamos uma aplicação, muitas das mudanças que acontecem no universo da tecnologia são silenciosas e passam despercebidas ao utilizador comum.

É o caso dos avanços ao nível da cibersegurança – que, mais do que uma prioridade, é uma necessidade crescente e essencial para todos os utilizadores, sejam estes utilizadores individuais ou empresas. Vivemos numa época pautada pela evolução constante das ameaças digitais e uma crescente complexidade dos riscos que lhes estão associados.

À medida que as ameaças cibernéticas se tornam cada vez mais sofisticadas, torna-se imperativa a necessidade de implementar medidas de segurança robustas e adaptadas ao contexto de cada organização. Além disso, existem obrigações regulatórias crescentes que exigem a implementação de processos, procedimentos e de tecnologia que aumente a resiliência das organizações e acelere a capacidade de resposta a incidente de cibersegurança. Exemplo disso é a recente Diretiva NIS2, uma legislação europeia que está a revolucionar a forma como as empresas abordam a cibersegurança nas suas operações.

Enquanto a maioria de nós está ocupada com as inovações tecnológicas mais práticas e percetíveis, como a inteligência artificial e ‘Internet das Coisas’, a implementação das diretivas como a NIS2 está a acontecer discretamente, mas com um impacto significativo. Esta nova Diretiva vem preencher uma lacuna essencial na abordagem da União Europeia à cibersegurança no universo corporativo. Ao contrário da anterior NIS1 que se limitava um conjunto muito restrito de sectores esta norma adota uma abordagem abrangente e holística, reconhecendo que a cibersegurança se torna um fator imperativo para um conjunto alargado de sectores incluindo, empresas de média dimensão com um volume de faturação superior a 10M€.

Podemos criar o paralelismo com a necessidade de um bom sistema de alarmes numa casa onde, independentemente do tamanho, a segurança é sempre uma prioridade. Para uma grande mansão, com grandes jardins e inúmeras janelas, é recomendável câmaras de vigilância, talvez alguns vigilantes a patrulhar a propriedade e alarmes sofisticados. No entanto, até um apartamento, embora mais modesto e menos chamativo, também precisa de trancas nas portas para que os seus inquilinos possam dormir descansados.

Da mesma forma, seja uma organização multinacional, com enormes recursos financeiros, operações sensíveis e alto risco de ataques cibernéticos, ou uma PME, com um negócio mais singelo, a necessidade de cibersegurança é inegável.

Neste contexto, são também inegáveis os desafios que as empresas enfrentam para adaptar ou implementar soluções robustas e efetivas, proporcionais ao seu nível de risco, mantendo em simultâneo esta revolução impercetível aos olhares mais destreinados. A adaptação a esta nova diretiva irá obrigar muitas empresas a um esforço na implementação de novos sistemas de TI e processos operacionais que exigem uma colaboração entre diferentes áreas da empresa, uma cultura de gestão da mudança forte para que esta transformação ocorra da forma mais ágil e suave possível. Se for bem realizada, irá traduzir-se num processo invisível e silencioso dentro da organização, munido das ferramentas certas para endereçar os novos desafios e requisitos regulamentares de cibersegurança.

À medida que as empresas se adaptam a esta nova realidade digital de proteção, é crucial compreender que a cibersegurança não se trata apenas de uma tendência passageira, mas sim de uma necessidade contínua e crescente que moldará o futuro da interação de todos com a tecnologia. Mas manter-se-á esta uma revolução silenciosa? Ou novas diretivas como esta serão o holofote para evidenciar falhas estruturais ao nível de cibersegurança corporativa? 


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