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Em entrevista na 3ª edição da IT Security Conference, Filipe Custódio, Partner e Board Member da VisionWare abordou os desafios e benefícios da integração da IA nas operações de segurança
15/11/2024
No mundo atual, onde os ciberataques se tornaram uma constante, a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada fundamental para os Centros de Operações de Segurança (SOC). Filipe Custódio, Partner e Board Member da VisionWare, partilhou a sua visão sobre a aplicação da IA na cibersegurança, destacando tanto as vantagens como os desafios da sua integração. O papel da inteligência artificial no SOCSegundo Filipe Custódio, o SOC é uma estrutura relativamente recente, mas essencial devido à crescente necessidade de defesa contra ataques que afetam gravemente as empresas. “Existem tecnologias de IA que estão a ser usadas para potenciar estes centros de segurança a poderem tratar mais eventos, tratar mais incidentes de segurança, mais ataques com o mesmo número de pessoas”, afirmou. A IA atua como “acelerador e automatizador” de tarefas repetitivas, filtrando dados para que os analistas se foquem nos incidentes críticos, ajudando a gerir grandes volumes de dados. Contudo, Filipe Custódio ressaltou que “a decisão final deve estar do lado dos humanos”, tornando a IA uma ferramenta complementar, mas não substituta das equipas humanas. Identificação de padrões e aprendizagem automáticaA IA, especialmente através da aprendizagem automática, destaca-se pela sua capacidade de identificar padrões em grandes volumes de dados e de detetar comportamentos suspeitos. Filipe Custódio exemplificou esta aplicação, referindo que, na rede de clientes da empresa, têm “cerca de alguns milhares de dispositivos detetados que geram bilhões de eventos por dia (…) não é possível um ser humano conseguir olhar para bilhões de eventos e tomar decisões informadas”. Com esta tecnologia, o sistema aprende com incidentes anteriores, descartando automaticamente falsos positivos e reconhecendo eventos similares a ataques reais. Desta forma, a IA acelera a análise e a resposta, reduzindo o tempo que os analistas humanos necessitariam para agir. Resposta Automatizada a IncidentesÉ precisamente no processo de resposta a incidentes, que inclui desde a identificação até à contenção e recuperação, que Filipe Custódio se referiu à importância do SOAR (Security Orchestration, Automation and Response), uma vez que é uma ferramenta que permite respostas automatizadas. “Se a ação do analista é pegar naquele IP e pôr numa blacklist, essa ação pode ser automatizada. E é automatizada para todo esse tipo de eventos”, o que permite aliviar a carga dos analistas humanos e acelerar a contenção de ameaças. Com o auxílio da IA, os SOC conseguem responder de forma mais rápida e eficiente, um fator crucial na cibersegurança moderna. Desafios da integração da IA nos SOCA integração da IA em operações de segurança enfrenta desafios importantes, com a escassez de profissionais qualificados entre os principais obstáculos. O Partner e Board Member da VisionWare apontou “uma escassez muito grande de recursos humanos em cibersegurança e, igualmente, em inteligência artificial”, com a formação e programas curriculares que desenvolvam competências nestas áreas. Além disso, o investimento financeiro para manter infraestruturas de IA robustas é essencial. Na VisionWare, que gere cerca de meio petabyte de dados anuais, a IA é aplicada no SOC para proteger redes de clientes. “Estamos também em projetos de inovação (…) que preveem modelos preditivos para combater ransomware via phishing”, referiu o orador. Para as organizações que pretendem integrar a IA e machine learning nos seus SOC, Filipe Custódio deixou claro que “a IA é mais uma ferramenta, não é uma silver bullet”, sendo fundamental que as empresas tenham objetivos claros para a aplicação da IA e que evitem automatizar processos ineficientes. |