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Securnet: “É preciso criar confiança na inteligência artificial” (com vídeo)

Filipe Vasconcelos, Senior Security Consultant and Solution Architect da Securnet, analisou os benefícios, riscos e impacto das novas regulamentações sobre inteligência artificial na sociedade

04/11/2024

Securnet: “É preciso criar confiança na inteligência artificial” (com vídeo)

"Inteligência Artificial: Ativo ou Ameaça, Amiga ou Inimiga?" foi o tópico escolhido por Filipe Vasconcelos, Senior Security Consultant and Solution Architect da Securnet, para aprofundar na 3ª edição da IT Security Conference, onde explorou o papel da inteligência artificial na sociedade atual, analisando benefícios, riscos e o impacto das regulamentações emergentes.

Desde a saúde, à agricultura e educação, a Inteligência Artificial (IA) já está a ser adotada em diversas áreas, e não restam dúvidas disso. No caso do setor da saúde, Filipe Vasconcelos destacou o uso da IA para diagnosticar doenças complexas como alzheimer e parkinson, ao permitir que se identifiquem “padrões omissos” que podem ser negligenciados pela comunidade médica. Na agricultura, a IA contribui para “a previsão de alterações climáticas e a eficiência na plantação e colheita”, enquanto na educação, “plataformas de e-learning estão a customizar o conteúdo com base no desempenho do aluno”. O Senior Security Consultant e Solution Architect da Securnet começou por destacar o imenso potencial positivo que a inteligência artificial pode trazer para o mundo. No entanto, apontou que se é “um benefício ou um risco, veremos a longo prazo”.

Riscos associados

Apesar dos benefícios, os riscos da IA são igualmente preocupantes, especialmente nas áreas de segurança, sociedade e economia. Filipe Vasconcelos alertou para a marginalização de comunidades sem acesso a tecnologia, como destacado no Final Report das Nações Unidas, que prevê uma divisão crescente entre hemisférios norte e sul. Do ponto de vista individual, apontou para os “riscos sérios sobre a solidão”, exemplificando com pessoas que se isolam com assistentes virtuais, e destacou também a preocupação com a “vigilância em massa”.

No domínio ambiental, o orador mencionou “o consumo excessivo de energia e a procura incessante de matéria para desenvolver componentes eletrónicos”; já na política alertou para o impacto das “deepfakes” e das “notícias falsas”, que podem comprometer a informação. No âmbito económico, de acordo com orador, “há um ponto muito interessante” que se refere à discussão sobre “a estabilidade dos sistemas financeiros sustentados pela inteligência artificial”.

O relatório das Nações Unidas, que reuniu 348 especialistas de 68 países – sem contar com Portugal – mostra que “70% dos especialistas estão preocupados com o impacto da IA nos próximos 18 meses”. “Fui investigar o que significam esses 18 meses”, disse, referindo que “120 Estados-membros propõem um novo tratado de segurança global para crime, terrorismo e armas autónomas, com consulta prevista para 2026”. O relatório também indica que muitos países já estão a criar “conselhos consultivos nacionais” para responder a estas preocupações emergentes.

A necessidade de uma governança global da IA

“Se a inteligência artificial veio para ficar e, se por inação, pode provocar danos na humanidade, então ela vai ter de ser bem construída, bem regulamentada e bem usada”, revelou o especialista. Por isso, chamou a atenção para o crescimento das regulamentações em IA desde o lançamento de tecnologias avançadas, como o ChatGPT. Observou que em 2024 “já existiram oito regulamentos”, o que reflete uma rápida resposta das autoridades à evolução tecnológica.

Contudo, o especialista destacou a importância de que essa regulamentação seja global e inclusiva, de modo a respeitar a “Declaração Universal dos Direitos Humanos” e, por sua vez, incluir “multi-stakeholders”, abrangendo empresas, organismos e o cidadão comum.

Conquistas e desafios da inteligência artificial em Portugal

Atualmente, Portugal ocupa o 29º lugar num índice global de adoção da IA e é o 6º país em que a opinião pública tem mais facilidade em aceitar esta tecnologia. Filipe Vasconcelos sublinhou ainda que o país já está a adotar a IA em diversos setores governamentais e defende que, como “um país pequeno, mas com muita massa cinzenta”, Portugal deve aproveitar essa posição para liderar iniciativas. Destacou ainda a importância de promover a “transparência” e a “confiança” nesta tecnologia, sublinhando que “é preciso criar confiança na inteligência artificial”.


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