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As previsões de privacidade para 2021

Os especialistas da Kaspersky partilharam a sua visão do que se pode esperar da privacidade digital durante o ano de 2021

01/02/2021

As previsões de privacidade para 2021

O ano de 2020 demonstrou o quão importante se tornaram as infraestruturas conectadas e os serviços digitais para o funcionamento permanente da sociedade. E isto levou a uma mudança de atitudes em relação à privacidade e à forma como cidadãos, organizações e Governos passaram a encará-la. Os especialistas da Kaspersky partilham a sua visão do que se pode esperar da privacidade digital em 2021. 

Entre as previsões para este novo ano, há uma que se destaca: em cada campo, há um choque de forças contrárias. Fornecedores de todos os tipos vão começar a colecionar mais dados e com maior diversidade, enquanto os Governos vão responder com novos regulamentos e os utilizadores vão começar a olhar para a privacidade como uma proposta de valor pela qual estão dispostos a pagar.

Estas previsões foram desenvolvidas com base nas mudanças e tendências observadas pelos especialistas em privacidade da Kaspersky, em 2020. De acordo com estes especialistas, as previsões incluem:

  1. A privacidade dos consumidores vai ser uma proposta de valor e, na maioria dos casos, irá custar dinheiro. O aumento da recolha de dados durante a pandemia e a crescente turbulência política que atingiu as plataformas digitais geraram um rápido crescimento da sensibilização pública em relação à recolha indevida de dados. À medida que mais utilizadores procuram preservar a sua privacidade, as organizações vão respondendo às suas necessidades, oferecendo produtos centrados em garanti-la – o que irá fazer com que estes produtos cresçam também em número e em diversidade.
  2. Os fornecedores de dispositivos de saúde inteligentes vão recolher cada vez mais dados variados – e vão utilizá-los para diversos fins. Os dados recolhidos em aplicações de fitness ou de monitorização da pressão arterial, e outros dispositivos, fornecem informação tão valiosa que, inclusivamente, esta já foi utilizada em casos de tribunal, não esquecendo os marketeers e as seguradoras que também a consideram extremamente útil. E, com a saúde a tornar-se cada vez mais uma preocupação pública, a exigência por este tipo de dados irá continuar a aumentar.
  3. Os Governos irão ressentir-se com a crescente acumulação de dados por parte das grandes empresas tecnológicas – e, por isso, vão ter um papel mais ativo nas regulamentações. Ter acesso aos dados dos utilizadores abre uma grande janela de oportunidades, seja para pensar sobre eles, lutar contra causas ou até tornar uma cidade mais eficiente. Com mais organizações privadas a recusarem-se a partilhar os dados que recolhem, os Governos irão responder com mais regulamentações e com debates mais acessos sobre tecnologias que preservam a privacidade, tais como encriptação ponto a ponto, DNS em vez de HTTPS e criptomoedas.
  4. As empresas de dados vão encontrar fontes ainda mais criativas – e, por vezes, mais intrusivas - para alimentar a sua máquina de análise comportamental. Os dados analíticos baseados em comportamento têm vindo a tornar-se algo muito sério. Qualquer tipo de erro pode ser prejudicial para as pessoas, embora a qualidade real destes sistemas seja muitas vezes um segredo comercial. No entanto, isto não irá impedir que as organizações a trabalhar nesta área encontrem formas mais criativas de criar perfis de utilizadores com base naquilo que eles gostam e fazem – e, posteriormente, de influenciar as suas vidas. 
  5. Computação multipartidária, privacidade diferencial e aprendizagem federada vão ser mais adotadas, assim como o edge computing. À medida que as empresas se tornam mais conscientes sobre que tipo de dados precisam e os consumidores resistem à recolha de dados não aprovada, mais ferramentas avançadas de privacidade vão surgir e tornar-se amplamente adotadas, ao mesmo tempo que as grandes empresas de tecnologia se movem para garantir os novos e restritos padrões de segurança dos utilizadores. Mais hardware avançado irá surgir, permitindo aos programadores criarem ferramentas de processamento avançado de dados, diminuindo assim a quantidade de dados partilhados pelos utilizadores com as organizações.

No último ano, muitos utilizadores perceberam pela primeira vez a quantidade de informação que partilham e aquilo que recebem em troca. Com maior conhecimento vem também maior entendimento sobre o direito à privacidade e como exercê-lo. Como resultado, a privacidade tornou-se um tema quente que interseta os interesses governamentais, corporativos e pessoais, e que faz aumentar muitas tendências diferentes e antagónicas sobre a forma como os dados são recolhidos e como a privacidade é preservada – ou, pelo contrário, violada. Espero que neste e nos próximos anos consigamos encontrar um equilíbrio entre o uso de dados pelos Governos e empresas, e, ao mesmo tempo, respeitar o direito à privacidade”, comenta Vladislav Tushkanov, especialista em privacidade da Kaspersky.

E acrescenta: “enquanto consumidores, nós não temos controlo total sobre os nossos dados, mas existem várias coisas que podemos fazer para garantir uma parte da nossa privacidade e impedir o controlo das nossas informações pessoais”.


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