Analysis
O Brigadeiro-General Paulo Viegas Nunes, do SIRESP, e Lino Santos, do CNCS, apresentaram as suas visões sobre infraestruturas críticas e o papel da segurança (e cibersegurança) no contexto em que estes organismos se inserem, com reflexos na sociedade
22/11/2022
As Infraestruturas Críticas em Portugal foram o mote para a conferência organizada pelo Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) esta terça-feira, na Culturgest, que contou com a participação dos responsáveis do CNCS e do SIRESP. O presidente do organismo, o Prof. Dr. Jorge Bacelar Gouveia, defendeu que temos ainda uma “visão de segurança do país dividida em vários pilares”, neste que é um tema transversal às mais diversas áreas. O presidente do OSCOT sublinhou a importância de a segurança não ficar “dependente da boa vontade as pessoas”, mas sim da legislação, uma vez que as infraestruturas críticas nacionais vão hoje muito além da questão dos transportes e da energia, por exemplo, e são hoje em dia mais abrangentes. A segurança é um “conceito mais alargado” e não apenas focada em questões de segurança policial ou político-militar. Para Lino Santos, há agora uma maior densidade digital, acelerada pela pandemia, com sistemas mais complexos e cada vez mais interligados, que resultam numa convergência entre o tradicional e os novos sistemas de informação. “A cibersegurança existe para proteger a vulnerabilidade societal”, afirmou o Diretor do Centro Nacional de Cibersegurança. Perante o atual contexto de “grande conflito” no ciberespaço, os dados revelam que nos últimos anos, à exceção de 2020, existiram 30% mais incidentes. O setor enfrenta ainda alguns desafios como a escassez de recursos humanos, capazes de lidar com situações críticas, e a elevada iliteracia digital da sociedade para as questões da cibersegurança. Foi durante o verão que o Parlamento Europeu adotou a Diretiva NIS (Network and Information Security) que estabelece um conjunto de medidas para prevenir ataques informáticos na Europa. Lino Santos relembrou que esta diretiva vem obrigar os estados-membros a ter uma política de vulnerabilidade. O SIRESP ao serviço do Estado e da segurança“Nós hoje vamos enfrentar cada vez mais riscos de natureza transversal e híbridos”. O alerta foi deixado pelo Brigadeiro-General Paulo Viegas Nunes, Presidente do SIRESP, que explicou a necessidade de se deixar de distinguir entre a proteção dos cidadãos, a segurança dos cidadãos e a defesa dos mesmos, uma vez que estas situações são vistas já como um “contínuo”. A rede celular, que garante a soberania do Estado, tem até 53 mil utilizadores e serve entidades que trabalham à base de infraestruturas críticas: "Constrói" uma resiliência necessária de forma a oferecer os melhores serviços. Nesta 'equação', sublinhou Paulo Viegas Nunes, são necessárias pessoas, processos e tecnologia de forma a criar um sistema resiliente. “Temos tendência a compartimentar as coisas e o que diz respeito à segurança em sentido lato. Ela não tem estas divisões”, explicou, considerando que deveria existir uma consciencialização para a proteção, uma vez que as futuras ameaças vão exigir que cada pessoa esteja preparada para as enfrentar. “O safety e o security perdem sentido quando dissociados da Defesa”, frisou o Brigadeiro-General. No caso do Estado, a rede SIRESP desempenha um papel fundamental no Business Continuity e no Disaster Recovery. Será necessário construir um ecossistema mais seguro e integrado, resiliente e com capacidade de recuperação, conseguido através de uma gestão centralizada do sistema, um planeamento integrado e uma coordenação operacional, de forma a responder aos grandes desafios de emergência e segurança. |