Analysis
Um ano depois da invasão da Rússia à Ucrânia, duas entidades de serviços de inteligência lançaram um relatório que questiona se haverá total visibilidade da dimensão dos ataques
23/02/2023
Um novo relatório dos serviços holandeses de inteligência – o Dutch General Intelligence and Security Service (AIVD) e o Military Intelligence and Security Service (MIVD) – indica que muitos dos ciberataques de origem russa ainda não são conhecidos. Apesar de dezenas de relatórios detalharem as operações maliciosas da Rússia no âmbito da invasão à Ucrânia, os especialistas questionam se haverá total visibilidade da dimensão dos ataques, uma vez que “o ritmos das operação cibernéticas russas é rápido”, diz o relatório, citado pelo The Record. Além disso, a natureza das instituições visadas, muitas delas governamentais e diplomáticas, leva ao sigilo sobre as vulnerabilidades. “Antes e durante a guerra, os serviços secretos e de segurança russos envolveram-se em espionagem digital generalizada, sabotagem e influência contra a Ucrânia e os aliados da NATO”, refere o relatório, que descreve a invasão da Ucrânia – que completa um ano – como “um ponto de viragem na história”. As agências descrevem a seleção de alvos da Rússia como “muito ampla”. Os especialistas indicam que a maior parte das operações são de espionagem, destinadas a ter acesso a “informações militares, diplomáticas e económicas da Ucrânia e de aliados da NATO”. Além disso, em paralelo, os russos tentaram repetidamente implementar malware “wiper”, destinado a destruir dados em sistemas computacionais. “Moscovo tenta regularmente sabotar digitalmente a infraestrutura vital ucraniana e realiza constantes ataques de malware wiper. A pressão constante e muito elevada que a Rússia exerce com isso exige vigilância constante dos defensores ucranianos e ocidentais”, diz o relatório conjunto. Contudo, “a interrupção em grande escala até agora não se materializou e o impacto da sabotagem cibernética é ofuscado pelo impacto das operações militares físicas”. Mais, “o potencial das cibernéticas não pode ser totalmente explorado pela Rússia”, acrescentaram, sem fornecer explicações. Mas o relatório disse que “a maioria das tentativas de ataque digital russo são detetadas prematuramente ou remediadas rapidamente, graças a medidas de monitorização, deteção e resposta ucranianas de longo alcance. A Ucrânia recebe ajuda significativa, por exemplo, dos serviços e empresas de inteligência ocidentais”.
|